Tomar um cafezinho é inegociável pra muita gente. Independente das circunstâncias, ele é um companheiro fiel. No Japão também é assim e o país que surfa as ondas de café se depara com ventos fortes que tem alterado a cultura do consumo.
Desde a chegada da pandemia, muita coisa mudou. As pessoas foram incentivadas a não viajarem longas distâncias, por isso o consumo das cafeterias tem se tornado cada vez mais por locais que passaram a explorar a própria região, diferenciando o perfil dos frequentadores.
Por outro lado, a oscilação da gravidade da pandemia no Japão, que hora permite avanço, hora exige recolhimento, acrescenta risco aos hábitos diários, transformando também a cultura do café. Nós mesmos, adiamos os planos de desbravar várias cafeterias como medida de segurança e desde que a pandemia começou, pudemos observar várias, eu disse várias, pequenas cafeterias que fecharam.
A mudança como um conceito não é novidade e o café é testemunha da inovação, subversão e transgressão de antigas e novas culturas urbanas, politicas e individuais.
Adoção de novos padrões de consumo
De forma geral, houve uma troca do consumo de café em ambientes comerciais para o doméstico e a adoção de padrões tidos como “o novo normal”.
A Key Coffee, uma grande distribuidora japonesa, redesenhou as embalagens dos produtos de consumo doméstico, para que os consumidores possam identificar mais rapidamente informações como acidez, amargura, e corpo, já que a tendência é que as pessoas queiram passar menos tempo em ambientes como supermercados.
A Italian tomato Café reduziu o número de assentos ainda na fase de design para as novas lojas, para que seja mantido o distanciamento social.
Crescimento da esfera digital
As cafeterias de cafés especiais se depararam com a revolução digital provocada pela pandemia, que acelerou a adoção de novas vias de distribuição. A Treamer Coffee Company fechou suas lojas físicas durante o primeiro estado de emergência em maio de 2020 e abriu uma loja online como uma forma de alcançar seus clientes, comercializando grãos e equipamentos de extração.
Os serviços de assinatura, que antes não eram tão comuns no Japão, também avançaram de forma notável.
A experiência conduzida que antes dependia das cafeterias especializadas pra propagar as nuances do café especial também deu espaço à esfera digital. A final, redes sociais como Instagram e outros canais de marketing eram notavelmente menos populares do que no Brasil, por exemplo. A partir de ferramentas como Zoom e Google Hangouts, foram mantidos eventos online incluindo aulas, seminários e degustações guiadas. Por essa via também se tornaram mais conhecidas cafeterias que antes passavam despercebidas mesmo por residentes próximos.
Toda a adaptação conduzida pela pandemia tem remodelado o consumo de café no Japão, cruzando o local e o digital em um horizonte que ainda não conseguimos enxergar com tranquilidade, mas que promete ainda muitas novidades para o “novo normal”.